O biógrafo de Woody Allen, Eric Lax, reuniu 36 anos de conversas com o cineasta em Conversas com Woody Allen. No livro, Allen fala sobre a elaboração de roteiros, formação de elenco e representação, filmagem e direção, montagem e escolha da música. Todo o processo cinematográfico é contemplado nas reflexões do cineasta.
Você me disse que não tem ideias a partir de sonhos, mas os seus sonhos influenciam o que você escreve?
Sonhos não, mas alguma coisa no meu subconsciente. Quando eu estava trabalhando em dois filmes ao mesmo tempo, estava muito difícil. Eu tinha decidido fazer Zelig e Sonhos eróticos de uma noite de verão simultaneamente. O plano era filmar uma cena de Zelig e, se a locação fosse boa, filmarmos lá uma cena para o outro filme. E quase fizemos assim. Algumas coisas, com certeza, se sobrepuseram na refilmagem. Mas emocionalmente eu estava achando dificílimo. Não era difícil fisicamente. Nem um pouco. Era dificílimo porque você não se dá conta de todo o seu cerne, a sua essência, está envolvido numa ideia, que não te deixa seguir. É muito difícil largar disso e ir para a outra ideia porque há uma enorme obsessão com a primeira. Na época o Marshall Brickman me disse que sempre sentiu que quando a gente está trabalhando em alguma coisa, trabalha nela até mesmo sem saber – quando está comendo, ou na rua, ou dormindo –, está trabalhando naquilo mesmo quando pensa que se afastou. Está sempre em ebulição; descobri que a observação dele era precia.
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